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Dólar tem o menor valor desde agosto de 2008
O dólar caiu em relação às maiores moedas do mundo.
Um dia depois do anúncio de uma medida pelo governo para tentar conter a valorização do real em relação ao dólar (aumento do IOF sobre empréstimos externos), a moeda americana caiu ao menor patamar desde agosto de 2008, fechando a R$ 1,629.
"O que determina a cotação do dólar é a política monetária dos Estados Unidos. As medidas tomadas aqui servem apenas para amenizar o movimento", diz Roberto Padovani, estrategista do banco West LB.
Especialistas em câmbio citam fatores externos e internos para explicar a forte desvalorização do dólar ontem.
"O dólar caiu em relação às maiores moedas do mundo. Isso mostra que há um movimento mundial de desvalorização", diz Vitória Saddi, professor de macroeconomia do Insper (ex-Ibmec São Paulo). "O recuo diante do real, no entanto, foi o mais expressivo (de 1,39% no dia). Isso mostra que há fatores internos influenciando nesse movimento."
Vitória considera as medidas do governo brasileiro para conter a valorização do real "muito ineficientes", sobretudo as de aumento do IOF que, segundo ela, são facilmente burladas pelos estrangeiros.
Medidas do governo. Padovani explica um dos fatores internos que contribuíram para a forte queda da moeda americana: as frequentes medidas tomadas pelo governo brasileiro - como, por exemplo, o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para empréstimos de empresas e bancos no exterior anunciado na terça-feira - geraram uma antecipação da entrada de dólares no País.
"O fluxo de ontem foi anormal. E isso ocorreu justamente como reação à medida adotada um dia antes", detalha o estrategista do banco West LB.
Entre os fatores externos que impactaram a cotação do dólar ontem, Padovani e Vitória citam com mais ênfase a estimativa de queda do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos e do Japão divulgada ontem.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, evitou fazer comentários sobre esse movimento. Em Brasília, ao ser questionado sobre a queda na cotação e se a medida de aumento do IOF sobre empréstimos externos não teria efeito, o ministro respondeu: "Não sei. Vamos ver".
Para Padovani, não só a medida, mas a fala do ministro sobre a possível ampliação dos prazos de taxação do IOF já atraiu mais capital estrangeiro para o País ontem.
Mesmo com o tombo da moeda dos EUA, o Banco Central não atuou no mercado durante a manhã. No começo da tarde, quando o dólar já apresentava forte queda, o BC agiu.
Primeiro fez um leilão de até 3 mil contratos de swap reverso, equivalentes a cerca de US$ 1,5 bilhão, mas vendeu apenas US$ 289,2 milhões. No meio da tarde, o BC fez o segundo leilão de compra à vista, cuja taxa de corte foi de R$ 1,632. As intervenções, contudo, tiveram efeito limitado sobre a formação de preço e o dólar apenas desacelerou levemente as perdas. / COLABOROU RENATA VERÍSSIMO
Efeito reverso
ROBERTO PADOVANI
ESTRATEGISTA DO BANCO WEST LB
"O fluxo de (dólares) ontem foi anormal. E isso ocorreu justamente como reação à medida adotada (pelo governo brasileiro) um dia antes"