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Menin alerta para impacto de juros altos em 2 ou 3 anos
Rubens Menin, fundador da MRV, prevê efeitos de juros tão altos em até 2 ou 3 anos, com impactos na economia e setor imobiliário
O engenheiro Rubens Menin, fundador da MRV, uma das maiores construtoras do Brasil, afirma que graves consequências “já estão encomendadas e vão aparecer com mais força nos próximos dois a três anos” devido aos juros reais de 10% ao ano no Brasil. O empresário falou sobre macroeconomia em entrevista ao jornal Estadão.
O empresário é um dos controladores Banco Inter, e seus negócios hoje vão muito além do mercado imobiliário, abarcam a empresa de galpões logísticos Log, a emissora de notícias CNN Brasil, a Rádio Itatiaia, uma vinícola na região do Douro, em Portugal, além de ser o maior acionista da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Clube Atlético Mineiro, o seu time do coração. Mas suas maiores preocupações para o Brasil estão voltadas aos juros altos, além do tarifaço de Donald Trump.
“[As consequências] serão decorrentes da falta de investimentos e consequente perda de competitividade, com menor crescimento econômico. O efeito dos juros a gente vai ver, cada vez mais forte, daqui para frente. Vamos sentir mais a bagunça atual daqui a dois anos”, afirma Menin.
Impacto no setor imobiliário
Focando especificamente no setor imobiliário, Menin destaca ainda a questão do funding, com três fontes de financiamento: o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que “cumpre bem o papel dele”; os recursos da poupança via Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que subiu de 7% para 12%, e é complementado pelas Letras de Crédito Imobiliário (LCI), que também enfrentam dificuldades com prazos ampliados; e, por último, mercado de capitais – com Fundos de Investimento Imobiliário (FII) e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) – que “chegou ao limite de viabilidade para financiar os projetos”, explica.
O empresário exemplifica o cenário atual visitando uma empresa líder em seu setor, que mantém “um plano de expansão para um terreno paradinho” mas não consegue viabilizar o projeto devido aos custos de financiamento. Segundo Menin, as empresas enfrentam duas situações distintas: aquelas que contrataram empréstimos com taxa de 2% e “fizeram todo o plano de negócios em cima desse valor e que agora estão com dificuldades sérias”, e outras que “pensam em investir, mas estão adiando o investimento”.
Para Menin, a sociedade precisa discutir os juros como fez com a inflação durante o Plano Real. “Você não faz nada se a sociedade não tiver comprado a ideia”, diz.
Minha Casa, Minha Vida e classe média
O programa Minha Casa, Minha Vida para classe média, criado para substituir o financiamento tradicional, opera abaixo do esperado por ser mais caro que a modalidade para baixa renda, avalia Menin.
Ele explica que, em financiamentos de R$ 200 mil em 30 anos, “se os juros forem 7%, a prestação é X. Se for de 12%, ela dobra”. Enquanto o segmento de baixa renda com juros de 4% e 5% “fica mais de pé”, a classe média enfrenta dificuldades quando “você vai para a parte de cima da tabela”.
Tarifaço de Donald Trump e programas assistenciais
Sobre as tarifas de Donald Trump, Menin propõe que o Brasil monte “uma mesa de negociações com os Estados Unidos. “Se isso demorar muito tempo, eu tenho um certo receio que seja muito ruim para nós”, alerta.
O empresário também menciona que programas como Benefício de Prestação Continuada (BPC) e Bolsa Família “chegam a R$ 300 bilhões” e precisam ser repensados pelo governo federal em um contexto econômico desafiador, em que o Brasil precisa conter gastos.
*Com informações de Estadão