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IRPF tem sido aumentado de forma ilegal e inconstitucional
O Governo Federal vem conseguindo penalizar os Contribuintes do IRPF de forma ilegal ao CONGELAR os valores contidos
 I - INTRODUÇÃO
Os contribuintes do IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA têm sido penalizados  com aumentos abusivos na carga tributária em virtude do desrespeito, por  parte do Poder Tributante, do princípio Constitucional na Legalidade  Tributária.
A Constituição Cidadã de 1988 prescreve que “é vedado aos entes  políticos instituir ou majorar tributos senão por meio de lei”, (1) o  que significa que não se cria ou aumenta tributo sem que o Poder  Legislativo tenha legislado a respeito.
O Governo Federal vem conseguindo penalizar os Contribuintes do IRPF de  forma ilegal ao CONGELAR os valores contidos no Regulamento do Imposto  de Renda (2), tendo a omissão do necessário reajuste ocorrido por Seis  anos consecutivos no Governo FHC e Três anos no Governo Lula, como se a  inflação no período fosse igual à zero.
Alguns tópicos onde se vê claramente a necessidade de correção dos  valores ou alteração na legislação tributária serão abordados a seguir.
II – DEDUÇÃO POR DEPEDENTES 
Tanto na tabela da Retenção na Fonte da Pessoa Física como na Tributação  através da Declaração de Ajuste Anual do IRPF os congelamentos  interferem diretamente no saldo final do Imposto a Pagar ou a Restituir,  pela inadequação dos valores vigentes em contraste com a Inflação  ocorrida durante o lapso de tempo do Plano Real (1994/2011).
Igualmente, ao considerar como dependentes (3) “a filha, o filho, a  enteada ou o enteado, até vinte e um anos, ou de qualquer idade quando  incapacitado física ou mentalmente para o trabalho”, penaliza o  contribuinte que mantém os citados dependentes cursando universidade,  principalmente quando os cursos são mais longos e caros (medicina e as  exatas), que exigem a presença dos estudantes durante todo o dia no  respectivo estabelecimento de ensino, impedindo-os de trabalharem e  auferirem renda própria, ou seja, continuam dependendo financeiramente  dos pais.
III – DESPESAS COM EDUCAÇÃO
A Legislação Tributária permite a DEDUÇÃO relativa “a pagamentos de  despesas com instrução do contribuinte e de seus dependentes, efetuados a  estabelecimentos de ensino, relativamente à educação infantil,  compreendendo as creches e as pré-escolas; ao ensino fundamental; ao  ensino médio; à educação superior, compreendendo os cursos de graduação e  de pós-graduação (mestrado, doutorado e especialização); e à educação  profissional, compreendendo o ensino técnico e o tecnológico, até o  limite anual individual de R$ 2.830,84 (dois mil, oitocentos e trinta  reais e oitenta e quatro centavos) a partir do ano-calendário de 2010”  (4), cristalinamente insuficiente para custear a educação em  estabelecimento de ensino privado neste País.
No caso de curso superior de Medicina, por exemplo, o valor limite para  dedução é insuficiente para custear UMA mensalidade; São cobradas 12 ao  todo. 
Vale lembrar o que o valor limite citado é para se ABATER da base de  cálculo do IRPF e não diretamente do Imposto de Renda apurado. 
É fácil explicar a carência de profissionais de nível superior na área  de exatas: Quem não consegue vaga nas Universidades Públicas não tem  estímulo para tentar cursar em estabelecimentos privados. Daí a  necessidade de se enviar 75.000 brasileiros ao exterior para se  qualificarem visando suprir a carência desses profissionais no mercado  de trabalho em nosso País.
IV – DESPESAS MÉDICAS
Embora não há limite para dedução “na declaração de rendimentos poderão  ser deduzidos os pagamentos efetuados, no ano-calendário, a médicos,  dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas  ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais,  serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e  dentárias (5).
Igualmente “aplica-se, também, aos pagamentos efetuados a empresas  domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com  hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que  assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma  natureza” (6).
Visando coibir abusos por parte dos contribuintes e evitar sonegação  fiscal (recibos frios de despesas médicas) foi instituído a obrigação de  envio eletrônico da Dmed - Declaração de serviços médicos e de saúde. A  medida foi salutar, porém, trouxe transtornos em seu primeiro ano de  aplicação. Senão vejamos;
Se o contribuinte pagar alguma das mensalidades, com atraso, dos  chamados “planos de saúde”, no boleto bancário constará os acréscimos  legais contratados – juros, etc...  Nas empresas esses acréscimos são  contabilizados como RECEITAS FINANCEIRAS e, logicamente, não constarão  na DIMED. Já os usuários tendem a somar os 12 boletos anuais, pelos  valores quitados pela rede bancária. No cruzamento das informações da  DIMED x Valores dedutíveis declarados pelos contribuintes como DESPESAS  MÉDICAS haverá diferença, levando sua declaração para a chamada “malha  fina”. 
Com a deficiência apresentada pelo sistema de saúde pública, o nosso  “SUS”, os cidadãos contribuintes – que têm na CF/1988 (7) o direito  garantido de assistência à saúde – é forçado a participar dos “Planos de  Saúde” da rede privada. Não abate os valores pagos do Imposto a Pagar,  mas da BASE DE CÁLCULO da apuração do IRPF. Se, apenas ad argumentandum,  a alíquota final REAL da tributação foi de 22% do total de seus  rendimentos, significa que ele – contribuinte – bancou 78% das despesas  médicas, cujos serviços deveriam lhe ser prestados pelo Governo Federal,  com os impostos que todos democraticamente pagam.
V – TABELA PROGRESSIVA
A tabela progressiva ficou congelada durante Seis anos no Governo FHC e Três anos no Governo LULA.
Para o ano-base de 2010, exercício financeiro de 2011, o limite de  isenção foi de R$17.989,80, enquanto para o exercício financeiro de  1997, ano-base 1996 o limite de isenção era de R$10.800,00 (8). São  praticamente 66,57% de correção, enquanto que a SELIC – que corrigi as  dívidas dos contribuintes para com a Receita Federal do Brasil - de 1996  a 2011 teve aumento de 259,11%. 
Vê-se claramente a defasagem entre os direitos dos contribuintes e os  interesses em aumentar a arrecadação, de forma ilegal, do Governo  Federal. 
As conseqüências das ilegalidades na tributação do IRPF não são sentidas  pela população que está na base da pirâmide social, uma vez que recebem  ajuda do governo federal, financiada justamente por aqueles que estão  no meio da pirâmide (classe média) que são os funcionários públicos  civis (do executivo, legislativo e do judiciário) e militares, os  profissionais liberais, os profissionais empregados que se  profissionalizaram no nível de ensino superior, por exemplo.
Já quem está no topo da pirâmide, os grandes contribuintes do IRPF,  sofrem menos com as aberrações e ilegalidades praticadas pelo Governo  Federal, pois as benesses que recebem por bancarem o sistema bem maior  que as perdas.
Os contribuintes não têm quem os representem nas esferas de Poder, tanto  no Legislativo como no Judiciário, uma vez que 67% dos cargos de  confiança na esfera do Poder Executivo Federal são exercidos pelos  Sindicalistas e os Membros do Legislativo fazem parte da maioria do  Governo no Congresso Nacional.
VI – CONCLUSÃO
A atualização dos valores defasados diminuirá, certamente, a tributação  do IRPF, porém com pouco reflexo na arrecadação federal, pois esse  tributo representa percentual ínfimo no bolo da arrecadação federal, mas  trarão grandes benefícios aos Contribuintes Pessoas Físicas, cidadãos  brasileiros que contribuem para construírem esta Nação. 
A situação não mudará (atualização dos valores do RIR/1999 e das tabelas  do IR-Fonte e IRPF) enquanto não houve uma grande mobilização da  população nesse sentido. Temos a marcha das vadias, a marcha da maconha,  mas falta a marcha dos cidadãos lutando pelos seus direitos  constitucionais de segurança, educação, saúde e uma tributação justa e  legal, que respeite os parâmetros e princípios da Constituição Cidadã de  1988. Não se pode aumentar tributo sem lei que o estabeleça!
NOTAS
(1) CF/1988 - Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao  contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos  Municípios:
I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça; 
(2) Decreto nº. 3.000, de 26 de março de 1999 – Regulamento do Imposto de Renda; 
(3) Art. 77, inciso III, do Decreto nº. 3000/1999;
(4) Lei nº. 11.482/2007 - Art. 3o  Os arts. 4o, 8o e 10 da Lei no 9.250,  de 26 de dezembro de 1995, passam a vigorar com a seguinte redação:
4. R$ 2.830,84 (dois mil, oitocentos e trinta reais e oitenta e quatro centavos) a partir do ano-calendário de 2010;
(5) Lei nº. 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a”. 
(6) § 1º  O disposto neste artigo (Lei nº. 9.250, de 1995, art. 8º, § 2º): ((Art. 80 do  RIR/1999);
(7) CF/1988 - Art. 196 - A saúde é direito de todos e dever do Estado,  garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do  risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário  às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
(8) Lei 9.250/1995 - Art. 11. O imposto de renda devido na declaração  será calculado mediante utilização da seguinte tabela: Até R$10.800,00 –  alíquota ZERO. 
Roberto Rodrigues de Morais
Ex-Consultor da COAD
Especialista em Direito Tributário
Autor do livro on-line REDUZA DÍVIDAS PREVIDENCIÁRIAS.
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